Uma coisa engraçada em que reparo. Ao contrário do que seria de esperar, é nas cidades ditas mais cosmopolitas e orgulhosas de se auto-proclamarem abertas à diversidade das formas e estilos, que a diferença mais se estranha (às vezes nem mesmo se entranha!). Qualquer coisa que se desvie do habitual padrão dificilmente passa sem alarde. Digo isso porque não me lembro nunca de ver os índios esbugalhar o olho para os meus vestígios europeus, como acontece por aqui, a cada vez que visto uma peça de roupa ou uso um acessório trazido de outras paragens. Dá mais nas vistas, e é considerado mais “exótico” e “extravagante“, um simples lenço com a textura e as cores de Goa, de Oaxaca ou do Nepal num jantar em Lisboa do que alguma vez deu, dará ou daria, um tailler Hugo Boss numa refeição à roda da maloca. Dito de outra forma, passa mais facilmente despercebido um celular numa aldeia indígena do que um brinco de penas numa rua da Europa. Curioso, não?!

* Fotos de Roberto Castro, Jefferson Rudy e Kazuo Okubo, cortesia da minha querida amiga de longa data, Adriana Paiva, e que constam da sua interessante matéria que pode ser lida na íntegra aqui.